“A felicidade é, por isso, o que está coerente com a própria natureza, aquilo que não pode acontecer além de si” – Sêneca

“A felicidade é, por isso, o que está coerente com a própria natureza, aquilo que não pode acontecer além de si. Em primeiro lugar, a mente deve estar sã e em plena posse de suas faculdades; em segundo lugar, ser forte e ardente, magnânima e paciente, adaptável às circunstâncias, cuidar sem angústia do seu corpo e daquilo que lhe pertence, atenta às outras coisas que servem a vida, sem admirar-se de nada; usar os dons da fortuna, sem ser escravo deles”.

Sêneca

Um pequeno parágrafo, muitos ensinamentos. Vamos destilar este trecho e explorar algumas visões sobre as lições de Sêneca sobre a felicidade:

A felicidade é, por isso, o que está coerente com a própria natureza, aquilo que não pode acontecer além de si

– Para Sêneca, viver de acordo com a natureza é um dos lemas estoicos. Aqui, de forma mais contundente, pensamos também na “dicotomia do controle”, quando ele fala “aquilo que não pode acontecer além de si”. A felicidade, assim, vem dessa prática de concentrar as suas questões no que você pode controlar. O que acontece além de nós, está fora do nosso controle.

A mente deve estar sã e em plena posse de suas faculdades

– Neste ponto, podemos lembrar da referência ao estado de “euthymia” – tranquilidade da alma, para os gregos. Uma ressalva para mantermos a mente inabalável, não reagindo aos fatos externos, e não deixar-se sucumbir à ira.

Ser forte e ardente, magnânima e paciente, adaptável às circunstâncias, cuidar sem angústia do seu corpo e daquilo que lhe pertence, atenta às outras coisas que servem a vida, sem admirar-se de nada

– Aqui há uma reafirmação do cuidado com o corpo, além do cuidado com a mente. Além disso, há uma ressalva que chama a atenção: “sem admirar-se de nada” – que podemos fazer uma alusão ao combate ao ego (O ego é seu inimido), não deixando levar-se por uma “uma crença doentia na própria importância”, como afirma Ryan Holiday.

usar os dons da fortuna, sem ser escravo deles

– Fortuna: destino, acaso.

Amor Fati: amor ao destino. Utilizar-se, assim, do que o destino nos proporciona, mas nunca depender a nossa vida (ou felicidade) nele. O que acontecer, transforme a seu favor (O obstáculo é o caminho).

Referência:

“Da felicidade”, em Da tranquilidade da alma, de Sêneca

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