Coragem e Estoicismo no filme “A Livraria”

Quando você pensa em coragem, quem te vem à mente?

No filme “A Livraria“, da espanhola Isabel Coixet, Florence Green tem a coragem – e a audácia – de criar uma livraria em uma vila na qual além dela apenas outra pessoa também é conhecida por gostar de ler, o Sr. Brundish. Mas a Sra. Green entende que os livros são como casas e que em livrarias ninguém se sente solitário. Assim, decide seguir a sua empreitada.

Após indicações de livros e trocas de mensagens, o Sr. Brundish e a Sra. Green se encontram. O primeiro revela o porquê de sua admiração pela dona da livraria:

“Permita-me dizer o que admiro nos seres humanos. O que eu mais valorizo é a única virtude que compartilham com deuses e animais e, por isso, não vou mais me referir a ela como virtude. Eu quero dizer… a coragem. E você, Sra. Green, possui essa qualidade em abundância”.

Acontece que pessoas “influentes e com boas conexões” – e com fortes lacunas de caráter – não aprovam nem a coragem, nem a persistência e muito menos o amor de Florence pelos livros. O local escolhido para a livraria, a “velha casa”, que se torna também a morada de Florence, estava abandonado há anos. Porém quando o local é “conquistado” pela Sra. Green passa a ser cobiçado para outras finalidades.

São usados, assim, subterfúgios, atalhos e mentiras para vencer uma batalha contra, diria, a sabedoria, em nome de um “centro de artes” vazio de significado. A luta parece ser em nome da destruição não só de uma livraria, mas de seu símbolo de amor ao conhecimento profundo.

Florence Green encara acontecimento por acontecimento, não sem tristeza, mas sem medo, sempre firme, de cabeça erguida, com equanimidade. “Ela não pode fazer isso. É minha livraria. Minha casa”, responde Florence quando o Sr. Brundish afirma que Violet Gamart não vai desistir enquanto não tomar a velha casa de volta.

A velha casa e a livraria não resistem. Porém, o legado deixado por Florence Green é maior que um espaço físico e maior do que brigas e falhas de caráter. Seu amor pela sabedoria foi semeado. Assim, como o seu exemplo de coragem.

O filme é baseado no livro The bookshop, de Penelope Fitzgerald. A história se passa na Inglaterra, em 1959. O filme foi premiado por Melhor Filme, Diretor e Roteiro Adaptado na premiação espanhola Goya.

Coragem e Estoicismo

Referência:

A livraria, de Penelope Fitzgerald

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