“Pense antes na peste e na morte de tantos outros” – Marco Aurélio
Em 17 de março de 180, morria o imperador Marco Aurélio, aos 58 anos, após 19 anos de governo. Ele deixava a sua vida sucumbindo à Peste Antonina, epidemia que devastava o império há 14 anos – e da qual ele defendia todo o seu povo como podia. Não era a primeira vez que Marco deparava-se com a morte, era o seu encontro final – e ele estava preparado. Marco já havia perdido sua esposa Faustina e oito de seus 13 filhos. Os ensinamentos estoicos já estavam fortes dentro dele, e Marco encara de frente a morte com calma.
Bem próximo do fim, Marco convoca seus conselheiros para garantir uma transição pacífica de poder. Os seus companheiros mostram-se tristes pela perda iminente do imperador. Marco considera, porém, toda essa tristeza desnecessária em frente a algo inevitável. Marco os repreende por tomarem uma atitude tão pouco filosófica. “Por que vocês choram por mim em vez de pensar sobre as implicações da Peste Antonina e de ponderar sobre a morte de uma forma mais ampla”, contestou Marco, segundo relata Donald Robertson.
O senso de empatia, justiça e calma de Marco Aurélio é inabalável. Nos conta Ryan Holiday que, em seus momentos finais, Marco Aurélio afirma: “Pense antes na peste e na morte de tantos outros“.
Assim, seja como governante, seja diante da pandemia que vivenciou durante seu império, seja diante de seu próprio fim, Marco Aurélio apresenta o seu caráter como o seu maior legado. Marco acreditava ser a Justiça a fonte das outras virtudes, e suas ações confirmam essa afirmação. São inúmeras as vezes que a ideia de agir pelo “bem comum” aparece em seu “Meditações”. E diante de seu fim, Marco lembra de todas as pessoas que já haviam morrido pela mesma doença que agora o acometia.
É isso que se espera de sábios, de filósofos, de cidadãos e de nossos governantes. Marco Aurélio nos lembra que a morte é parte inevitável da vida, mas que é preciso agir com empatia com as perdas que nos rondam.
