A melhor vingança é não ser como eles – Marco Aurélio

Sempre houve e sempre haverá o bem e o mal, a virtude e o vício. De que adianta então? Adianta não ser como os que prejudicam, os que mentem, os que caluniam. Adianta ser bom, virtuoso, gentil e verdadeiro. Por você, sem esperar nada de ninguém, sem esperar nada em troca; nem reverência, nem crítica.

Marco Aurélio em uma das conhecidas passagens do seu “Meditações” alerta a si mesmo ao acordar: “as pessoas que eu encontrarei hoje serão indiscretas, ingratas, arrogantes, desonestas, invejosas e ranzinzas” (2. 1).

De que adianta então? Adianta saber diferenciar o bem do mal. Não se sentir pessoalmente afetado. Não propagar a raiva e o rancor. Não deixar ser levado à amargura. “Ninguém pode me envolver na feiúra da maldade”, continua o imperador.

Para os estoicos, somos todos partes do mesmo organismo, e o que fere um, fere todos, inclusive nós mesmos.

“O que prejudica a colmeia, prejudica a abelha”.

– Marco Aurélio, Meditações, 6. 54

Adianta, então, escapar de nossas próprias falhas, e não reagir com mais raiva à maldade alheia, seja ela por pura ignorância ou por uma “desumanidade” escolhida. Adianta não sucumbir aos erros dos outros, mas também não esperar de forma ingênua que as falhas humanas simplesmente evaporem de uma vez por todas.

A melhor vingança contra a maldade é não agir da mesma forma. É não reverberar o mal. É agir em nome da “colmeia”. “Movimentar-se de uma ação altruísta a outra. (…) Só assim, alcançará deleite e quietude” (Marco Aurélio, Meditações, 6. 7).

“A melhor vingança é não ser como eles”.

– Marco Aurélio, Meditações, 6. 6

Referência:

Meditações, de Marco Aurélio

Meditations, de Marcus Aurelius