Algumas coisas são menos temíveis, precisamente porque elas nos estimulam com grande medo – Sêneca

A prática da filosofia estoica, principalmente em relação ao pilar da ética estoica, é a prática de viver bem a vida. É desconfortável sentir medo, apesar de ser um sentimento natural humano, uma reação ao que pode nos pôr em risco. Para viver bem, precisamos identificar e saber lidar com os nossos medos. Chamar a virtude da Coragem para andar ao nosso lado!
“‘Será que o homem corajoso não tem medo dos males que o ameaçam?’ Esta seria a condição de um louco, um lunático, em vez de um homem corajoso. O homem corajoso, é verdade, sentirá medo em apenas um leve grau, mas ele não está absolutamente livre de medo”
– Sêneca, Carta 85, Sobre Silogismos Vazios
Ignorar o medo, ou qualquer outra paixão (sentimentos não saudáveis), não resolve problema algum. Não é desconsiderando os nossos medos que conseguiremos superá-los. Assim, é preciso examinar, investigar, indagar por que os nossos medos ocorrem, de onde eles vem e o que ele pode nos ensinar.
O medo pode revelar as nossas falhas, as nossas lacunas, os nossos vícios e as nossas paixões; mas também pode mostrar o que importa para nós. É nesse sentido que o medo pode nos instigar a avançar, estimular a seguir projetos, a nos colocar à prova.
O medo pode evidenciar ainda uma face do egocentrismo. Se não nos arriscamos, se não tentamos, logo permanecemos na posição apenas de criticar e não de ser criticada.
Como superar os nossos medos?
Aceitar é o primeiro passo para superar qualquer situação. Resistir é ser levado arrastado pelo universo. Aceitar é ter liberdade para conseguir lidar com as ações. Então, devemos aceitar os nossos medos e dissecá-los para que eles sejam desidratados de emoções e fiquem cada vez menores.
Outra possibilidade é fazer a premeditação dos males, preparando-se tanto de forma prática como de forma emocional para o que pode acontecer.
Tudo que você precisa fazer é avançar; compreenderá que algumas coisas são menos temíveis, precisamente porque elas nos estimulam com grande medo.
– Sêneca, Carta 4, Sobre os Terrores da Morte
Referências:
Cartas de um estoico, Volume I, de Sêneca