Aquele que se possui não perde nada – Sêneca

Se pudéssemos escolher um desejo para a nossa comunidade estoica em 2024, seria este: possuir a si mesmo!

O que decorreria desse desejo?

Saber administrar nossas emoções, identificar o que está sob o nosso controle e o que está fora do nosso controle e aceitar que o que nos cabe nisso tudo é exatamente o que está dentro da nossa ingerência: nossas intenções, nossas palavras e nossas ações!

Se possuir também é saber o real valor das coisas: saber que objetos materiais estão destinados a perecer, como nos alerta Sêneca, e que devemos saber quem é o dono de quem. “Você viverá sem ele tão facilmente como viveu antes”, escreve o filósofo. Lembrando que, para os estoicos, elementos materiais são no máximo indiferentes “preferíveis”, mas não determinantes de nossa felicidade. 

Assim, não há motivos para sentimentos degradantes como a inveja. Se possuir é ainda ter consciência de sua história e não se comparar negativamente com a das outras pessoas. Você deve dispor de sua régua moral – e seguir com ela a sua vida. 

“‘Menos influência.’ Sim, e menos inveja. Olhe ao seu redor e observe as coisas que nos deixam loucos, que perdemos com um dilúvio de lágrimas; perceberá que não é a perda que nos incomoda com referência a essas coisas, mas o conceito de perda. Ninguém sente que elas foram perdidas, mas sua mente lhe diz que foi assim. Aquele que se possui não perde nada. Mas quão poucos homens são abençoados com a propriedade de si mesmo!”.

Sêneca, Carta 42, “Sobre valores”

Se possuir, assim, é agir com sabedoria prática, é fazer a coisa certa e é medir a sua vida por suas virtudes. É ser, no final, uma pessoa boa, tranquila e estoica!

Quem topa esse desafio de ter propriedade de si mesmo em 2024?

Referência:

Cartas de um estoico, Volume I, de Sêneca

Livros de Sêneca

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