Vamos cultivar nossa humanidade – Sêneca
Em artigo para o The New York Times, Nancy Sherman fala sobre o Estoicismo, o aumento de seus adeptos e concepções limitadas, para dizer o mínimo, sobre a compreensão da filosofia apenas como “hacks” para uma vida boa.
“Mas hoje, o estoicismo não é tanto uma filosofia quanto uma coleção de truques de vida para superar a ansiedade, meditações para conter a raiva, exercícios para encontrar quietude e calma – não por meio de ‘oms’ ou retiros silenciosos, mas por meio de um discurso que castiga a mente” .
Nancy Sherman
A professora de filosofia da Universidade de Georgetown (Washington, D.C, EUA) critica, e nós nos identificamos com esse ponto, a visão do Estoicismo como uma filosofia voltada para o indivíduo. Estoicismo é sobre ética, virtude e, sim, sobre viver uma vida boa. Esse último ponto é uma parte importante dessa escola filosófica, mas não é o seu todo.
“A visão focada em si mesmo perde a ênfase do antigo Estoicismo em nosso florescimento como seres sociais, conectados local e globalmente” .
Nancy Sherman
Somos seres sociais, e o que nos liga é a nossa capacidade de seguir a razão. Assim, as “ferramentas” do Estoicismo nos ajudam sim a sermos pessoas mais tranquilas, mais equilibradas, mais receptivas aos eventos externos; nos fazem, assim, melhores! Porém, todos esses direcionamentos e suas consequências devem também nos ajudar a tornar o mundo um lugar melhor, a nos entender enquanto comunidade, a sempre agir para o bem comum.
“Não é autoajuda, mas ajuda em grupo. Se vale a pena ler os estoicos, é porque eles constantemente nos exortam a elevar nosso potencial – por meio da razão, cooperação e altruísmo” .
Nancy Sherman
Ou como escreveu Marco Aurélio:
“Os frutos dessa vida são um bom caráter e atos para o bem comum” .
Meditações, 6. 30
Referência:
“If You’re Reading Stoicism for Life Hacks, You’re Missing the Point“, de Nancy Sherman, para The New York Times.