A vida é simples. Os momentos são extraordinários.
Basta parar para reparar, controlar a respiração e não sobrecarregar a mente. “Dê a si mesmo um presente: o momento presente” – Marco Aurélio (Meditações, 8. 44). O filósofo imperador retoma essa questão em diversas outras passagens, lembrando que nossa vida é o momento em que estamos agora, e se estamos completamente imersos nele, temos a noção da vida como um todo. Podemos estabelecer então a relação entre viver o agora e a tranquilidade da alma. Afinal, passado e futuro só existem como ilusões nossa mente, por vezes, trazendo nostalgia ou preocupação. O que não é, vale ressaltar, esquecer da história, do mundo e a nossa, mas não se deixar vagar por esses outros tempos sem ter a nossa âncora no agora.
Mas como voltar-se ao “agora“, sem deixar a mente vagar para o passado ou para o futuro, como transformar o simples em extraordinário?
Para os estoicos, a natureza não é apenas parte de nós como é também elemento da prática filosófica. Então, se funciona para você, utilize a natureza como esse gancho com o extraordinário que há na simples ação de viver o momento presente, de aceitar a vida como ela é, de lembrar da beleza que há em viver, mesmo quando há dor (porque sempre haverá).
“A natureza dá e a natureza tira. Qualquer pessoa com bom senso e humildade dirá a ela: ‘Dê e leve como quiser’, não por desafio, mas por obediência e boa vontade”.
– Marco Aurélio, 10. 14
Devemos observar a natureza e viver de acordo com o que ela nos ensina e nos proporciona. A natureza é a lembrança de que há questões que podemos controlar e outras que só nos cabe aceitar; é a ilustração dos ciclos e da mutabilidade da vida. Observar o nascer do sol, por exemplo, para mim, traz calma e quietude. É a natureza sussurrando no meu ouvido sobre luz e sombra, sobre fim e começo, sobre mudanças e possibilidades.
O que mais podemos utilizar como âncoras para o momento presente? Meditação, exercícios de respiração, leitura, escritas (journaling) ou simplesmente realizar a tarefa que você tem para fazer. A questão é salvarmos o nosso tempo, afinal ele é o nosso maior bem, e não há melhor forma de honrá-lo do que de viver o agora – por mais simples que seja. Afinal, a vida é simples, mas os momentos, se soubermos vivê-los, são extraordinários.
“Agarre a tarefa de hoje, e você não precisará depender tanto do amanhã. Enquanto estamos postergando, a vida corre”.
– Sêneca
Referências:
Meditações (tradução de Aldo Dinucci)
Meditations, de Marcus Aurelius
Cartas de um estoico, Volume I, de Sêneca
Mais uma excelente reflexão, Lina! Obrigado!