Para quando você sentir dor
Lições de Marco Aurélio “para quando você sentir dor” – Meditações, 7. 64:
“Perceba que isso não o desonra ou prejudica sua inteligência – não o impede de agir racionalmente ou de maneira altruística”.
Antes de estoico, seja humano, sensível aos problemas do mundo. Perdoe-se por sentir dor. Ser estoico não é ser insensível. É continuar agindo de maneira racional, mesmo em momentos de dor. Outro ponto que nos alerta neste trecho é que a dor pode ser uma porta para o ego. Fique atento. Não se coloque como centro de todos os problemas. Se já é perigoso quando o ego te eleva, é tão ou mais quando te coloca como o vencedor da dor. Continue evitando o egoísmo e caminhando para o bem comum, para o altruísmo.
“E, na maioria dos casos, o que Epicuro disse deve ajudar: que a dor não é insuportável nem infindável, desde que você tenha em mente os seus limites e não a amplie em sua imaginação”.
Para ilustrar esse trecho, trazemos uma citação de Sêneca, que dialoga tão bem com o colocado pelo imperador:
“Existem mais coisas, Lucílio, susceptíveis de nos assustar do que existem de nos derrotar; sofremos mais na imaginação do que na realidade”.
É suportável, então suporte, diria Marco Aurélio em um outro momento. Mas mantenha os limites da razão, não extrapole a dor pelos poderes de sua imaginação.
“E lembre-se também de que a dor costuma usar disfarces – como sonolência, febre, perda de apetite… Quando você for perturbado por essas coisas, lembre-se: ‘Estou cedendo à dor'”
Identifique a dor, mesmo quando ela estiver disfarçada. Não minta para si mesmo. Encare a dor, mas não se entregue a ela. Volte-se para a filosofia, para a sabedoria, para a razão. Mantenha o controle, mas não traga culpa a uma dor simplesmente por ela existir.