“Caso existam perigos, então precisamos aprender a amá-los”- Rilke
Uma das citações mais conhecidas do imperador Marco Aurélio é:
“o impedimento à ação avança a ação. O que fica no caminho, torna-se o caminho” (the impediment to action advances action. What stands in the way becomes the way).
Transformar situações (boas ou más, dependerá da sua percepção) a seu favor! A ideia de tornar os obstáculos o caminho também traz o pensamento de aceitar e amar o destino (Amor Fati) – assim como ele é.
Aqui, trazemos algumas ideias desse conceito de uma outra forma, nas palavras de Rainer Maria Rilke:
“Não temos motivo algum para desconfiar de nosso mundo, pois ele não está contra nós. Caso possua terrores, são nossos terrores; caso surjam abismos, esses abismos pertencem a nós; caso existam perigos, então precisamos aprender a amá-los. Se orientarmos a nossa vida segundo aquele princípio que nos aconselha a nos aferrarmos sempre ao que é difícil, o que agora nos parece ser muito estranho se tornará o que há de mais familiar e confiável. Como poderíamos esquecer aqueles antigos mitos que se encontram nos primórdios de todos os povos, os mitos sobre os dragões que, no último momento, transformam-se em princesas; talvez todos os dragões de nossa vida sejam princesas, que só esperam nos ver um dia belos e corajosos”.
Nas cartas de Sêneca para Lucílio, há referências recorrentes a escolas diferentes e até divergentes do pensamento estoico. O filósofo insiste, porém, em ratificar a importância do pensamento como “domínio público”, do poder da sabedoria, do alcance de algumas ideias, mesmo que de forma pontual, em meio a outros conhecimentos. Assim, podemos fazer também: buscar ideias em outros universos literários.
Também escrito em forma de cartas, Rilke, em “Cartas a um jovem poeta”, tem como destinatário Franz Kappus, que busca ensinamentos e luz para sua carreira e para sua vida. E como bom mestre, assim como Sêneca, há uma vastidão de ideias que podem ser retiradas das 10 breves cartas.
Finalizamos, então, como Rilke fecha esse trecho de sua carta:
“Talvez todo o terror não passe, em última instância, do desamparo que requer nossa ajuda”.