“Estamos todos nos esforçando constantemente, nenhum de nós será perfeito, mas sempre podemos melhorar” – Elif Batuman
A escritora, jornalista e acadêmica norte-americana, Elif Batuman, descobriu Epicteto em um momento conturbado de sua vida, com muito trabalho, pós-graduação, vivendo em um novo país.
“Na época, eu dava aulas para alunos de graduação e sentia que Epicteto estava trabalhando no mesmo quebra-cabeça eterno que eu, de como conseguir que os jovens fizessem o que é difícil, de fazê-los pensar que as coisas valem a pena, de levantar seus ânimos, e senti como se tivesse encontrado esse grande amigo e aliado”.
Falando sobre seu contato com os estoicos, ela cita Crisipo, mas afirma não se conectar com a visão do filósofo sobre ser 100% sábio.
“Eu prefiro o que considero ser a visão de Epicteto, que estamos todos nos esforçando constantemente, nenhum de nós será perfeito, mas sempre podemos melhorar, e esse aperfeiçoamento não é inútil, é na verdade a coisa mais significativa que existe”.
Sobre a relação de adeptos ao estoicismo hoje em dia e a (falsa) tendência da filosofia ser mais masculina, ela expõe uma visão interessante:
“Acho que há um equívoco comum sobre o estoicismo, que se trata de se forçar a não sentir emoções; essa é provavelmente uma ideia que poderia atrair mais homens do que mulheres (já que, desde a infância, os meninos são encorajados a ser ‘machos’, enquanto as meninas são encorajadas a entrar em contato com suas emoções). Mas o que adoro em Epicteto é que se trata realmente de lidar com as emoções.
(…)
Acho que talvez seja uma mensagem especialmente útil para as mulheres, por causa de como as meninas são educadas, ou pelo menos como eram quando eu era pequena. Eu acho que para muitas mulheres (assim como homens) há uma tendência de pensar: ‘Oh meu Deus, eu já senti isso, então a coisa ruim já aconteceu’. E Epicteto fala sobre perceber: ‘Mano, nada de ruim aconteceu ainda, todo mundo tem sentimentos, agora, pare um momento e avalie qual é a verdade'”.
Em seu portal, ela dá um recado aos jovens escritores, que é válido de mencionar:
“não jogue fora as coisas que você escreve, mesmo que pareçam ruins – podem ser interessantes para você mais tarde”.
Seu livro “The Idiot”, finalista do Prêmio Pulitzer, foi escrito, em sua maior parte de 2000-2001, e depois abandonado por quase 15 anos.
Elif Batuman escreve para The New Yorker desde 2010. Seu romance “The Idiot” foi finalista do Pulitzer Prize in fiction em 2018.
Referência:
How To Be A Stoic: An Interview With Author Elif Batuman, em Daily Stoic, e The tao of Seneca, Volume I
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