“Para seguir em frente, é preciso manter o ritmo” – Haruki Murakami
Para Haruki Murakami, correr longas distâncias e escrever romances, duas atividades que ele exerce há décadas, possuem uma relação: motivação interna, competição com ninguém mais do que você mesmo e comprometimento imenso com o processo do trabalho!
Na verdade, ao ler o livro “Do que eu falo quando eu falo de corrida” é possível identificar essa dedicação ao processo do trabalho em cada ação do escritor. O livro, mais do que apenas sobre corrida, é uma lição sobre escolher prioridades, dedicar-se a elas com afinco (ele nunca tira dois dias seguidos de descanso) e não mensurar o seu sucesso pelo resultado em si, afinal, como pensam os estoicos: os resultados estão fora do seu controle. O que você pode controlar, então? Exatamente a sua dedicação ao processo de treino – seja qual for o seu esporte/trabalho. Você pode fazer a roda girar!
“Para seguir em frente, é preciso manter o ritmo. Isso é o mais importante em projetos de longo prazo. Assim que você estabelece o ritmo, o resto vem a reboque. O problema é conseguir fazer com que a roda fique girando a uma determinada velocidade — e chegar a esse ponto exige o máximo de concentração e esforço de que a pessoa é capaz”.
Murakami
Ryan Holiday, em “The obstacle is the way“, traz essa ideia da dedicação ao processo de forma recorrente e relevante, o que converge com o pensamento de Murakami.
“No caos do esporte, como na vida, o processo nos fornece um caminho. Diz: OK, você tem que fazer algo muito difícil. Não se concentre nisso. Em vez disso, quebre-o em pedaços. Basta fazer o que você precisa fazer agora. E faça bem. E então vá para a próxima coisa. Siga o processo e não o prêmio” .
Ryan Holiday
Não é fácil manter essa disciplina, não é fácil desligar-se do julgamento e da comparação com os outros – mas sem dúvida será um caminho de “prazer estoico”. Prazer de dedicar-se a um projeto, de fazer o que é preciso ser feito e de manter a tranquilidade e o controle da mente durante o percurso da vida. Prazer de entregar-se ao processo.
“Acho que determinados tipos de processo não permitem qualquer variação. Se você precisa fazer parte do processo, tudo que tem a fazer é transformar — ou talvez distorcer — a si mesmo mediante a repetição persistente, e tornar esse processo parte de sua própria personalidade. Ufa!” .
Haruki Murakami
Referências:
Do que eu falo quando eu falo de corrida: Um relato pessoal, de Haruki Murakami
O obstáculo é o caminho: A arte de transformar provações em triunfo, de Ryan Holiday