O Estoicismo é uma filosofia de autocontrole e de autodomínio. A metáfora de que precisamos ser nosso próprio médico e de que, assim, devemos cuidar de nós mesmos, das nossas “enfermidades”, é recorrente. A filosofia estoica reforça a importância dos mestres, dos tutores, dos conselheiros e dos amigos na nossa caminhada ao encontro de uma vida feliz/virtuosa. Porém, no que realmente conta: está conosco a responsabilidade de curar a nossa mente. “Pare de divagar. (…) Corra para o final. Cancele suas vãs esperanças, e se seu bem-estar importa para você, seja seu próprio salvador enquanto você pode” . Marco Aurélio,…
O sofrimento é inevitável. Tentar evitar os momentos difíceis da vida só acarretará mais sofrimento. “Evitar o sofrimento é uma forma de sofrimento. Evitar dificuldades é uma dificuldade. Negar o fracasso é fracassar. Esconder o que é vergonhoso é, em si, causa de vergonha”. – Mark Manson Amor fati A frase em latim, que pode ser traduzida para ame o destino, não carrega a ideia de uma aceitação passiva. Aceitar, sim. E, então, agir. Não simplesmente suportar, mas prosperar/crescer/florescer nas dificuldades. “Cada dificuldade na vida nos oferece uma oportunidade para nos voltarmos para dentro de nós e recorrermos aos nossos…
Encarar as adversidades como partes inerentes da vida, fazendo amizade com a dor. Entregar-se por inteiro – como se fosse o seu último dia, sem se preocupar com o que os outros possam pensar ou mesmo com o resultado em si, apenas com o processo. Esses são conceitos estoicos, que podem ser levados para todos os aspectos da vida. Eles são acessíveis não só à mente mas também ao uso do nosso corpo. É preciso haver um equilíbrio e cuidado com essa nossa morada física, e aprender a não dissociar corpo e mente. Mantras Ao escolher um esporte, ou exercitar…
Não podemos ter mudança sem perda, motivo pelo qual é tão frequente as pessoas dizerem que querem mudar, mas mesmo assim continuarem exatamente iguais. – Lori Gottlieb A mudança é parte da vida. Se resistimos a ela, somos arrastados. Se aceitamos as transformações, nos adaptamos ao novo. Nessa jornada de aprender a viver bem, é importante saber deixar ir o que não cabe mais em nossa vida. Entender que para ganhar no que queremos, temos que perder no que não faz mais sentido para nós; mesmo que isso não seja socialmente compreendido. Tem algo em sua vida que você quer…
“Estupidez é esperar figos no inverno ou crianças na velhice“, escreve Marco Aurélio, no livro 11, de suas Meditações. A metáfora nos remete a impossibilidade de que as coisas aconteçam fora do seu tempo, desrespeitando a Natureza, as questões de causa de efeitos, ou mesmo a duração que leva para que as coisas amadureçam. É preciso tempo para que os frutos maturem. Também é preciso tempo para que a criança se torne jovem, depois adulto e depois velha. As coisas boas, as coisas grandes, precisam de tempo! A metáfora de “figos no inverno” já havia sido utilizada por Epicteto em…
Para o Estoicismo, as paixões (páthos) eram sentimentos, desejos e emoções doentios, não-saudáveis ou insalubres; como medo, raiva, ciúmes… E devemos nos livrar desses sentimentos que nos fazem mal. Ser dominado por paixões, é abrir mão da razão. As paixões nos fazem julgar as situações de forma incorreta. Quando odiamos, seja uma situação ou nós mesmos, não conseguimos avançar, afinal a raiva é um desses sentimentos doentios que nos faz perder a razão. A raiva é considerada pelos estoicos uma das paixões mais terríveis e violentas. A ira – que é a raiva em sua pior forma – é entendida…
O Estoicismo atraiu muitas mulheres. As mulheres (matronas) organizavam a “convivia” para debater o Estoicismo. Muitas delas de fato vivenciaram a filosofia, como Pórcia Catonis, que era filha de Cato, o Jovem, e esposa de Brutus. O lema do Estoicismo é “viver de acordo com a natureza”. Mas aqui estamos pensando mais especificamente sobre a natureza humana. E a natureza humana parte de duas premissas: uma que somos seres sociáveis, e a outra que nós somos capazes de pensar racionalmente. Para Emily McGill-Rutherford e Scott Aikin, os antigos estoicos pensavam que as mulheres eram iguais aos homens em sua capacidade…
Sêneca, filósofo estoico, escreveu sobre as cartas que recebia de um amigo: “Sempre que suas cartas chegam, imagino que estou com você, e tenho a sensação de que estou prestes a falar a minha resposta, em vez de escrevê-la. Portanto, vamos juntos investigar a natureza de seu problema, como se estivéssemos conversando um com o outro”. Escrever cartas é criar uma autoficção. Imagine agora escrever cartas para personagens ou personalidades do audiovisual. Mulheres – reais ou fictícias – que nos tocam e nos acompanham, a ponto de sentir como se fôssemos amigas. É um ato de colocar essa autoficção em…
Muitas coisas estão fora do nosso controle e, assim, para os estoicos devem tornar-se questões “indiferentes”. Assim, o que é “indiferente” não deve ser determinante para a nossa felicidade, lembrando que felicidade é ter a mente tranquila e uma vida virtuosa! “A sabedoria, em todas essas formas, requer principalmente a compreensão da diferença entre as coisas boas, ruins e indiferentes. A virtude é boa e o vício é ruim, mas todo o resto é indiferente“. Donald Robertson Entre as questões indiferentes, os estoicos apontam os indiferentes “preferíveis”, “desprezáveis” ou completamente indiferentes. Assim, saúde ou riqueza seriam indiferentes preferíveis, enquanto doença…
Basta parar para reparar, controlar a respiração e não sobrecarregar a mente. “Dê a si mesmo um presente: o momento presente” – Marco Aurélio (Meditações, 8. 44). O filósofo imperador retoma essa questão em diversas outras passagens, lembrando que nossa vida é o momento em que estamos agora, e se estamos completamente imersos nele, temos a noção da vida como um todo. Podemos estabelecer então a relação entre viver o agora e a tranquilidade da alma. Afinal, passado e futuro só existem como ilusões nossa mente, por vezes, trazendo nostalgia ou preocupação. O que não é, vale ressaltar, esquecer da…