“O que, então? Será que a natureza nos deu barrigas tão insaciáveis, quando nos deu esses corpos insignificantes, que devemos superar os animais mais vorazes em ganância? De modo nenhum. Quão pequena é a quantidade que vai satisfazer a natureza? Um pouco vai mandá-la embora satisfeita. Não é a fome natural de nossas barrigas que nos custa caro, mas nossos desejos vorazes“ Sêneca, Carta LX, Sobre Orações Prejudiciais Cartas de um estoico, Volume I, de Sêneca Cartas de um estoico, Volume II, de Sêneca Cartas de um estoico, Volume III, de Sêneca
{com práticas estoicas} Antes – Pratique o Premeditatio Malorum: você irá encontrar pessoas difíceis, isso faz parte da vida! Preveja esses encontros, não seja pego desprevenido. Faça essa reflexão, como Marco Aurélio no Livro II, 1 do seu Meditações: “encontrarei com um indiscreto, com um ingrato, com um insolente, com um mentiroso, com um invejoso, com um não-sociável”. Lembre-se, como prossegue o imperador, de que eles fazem isso pois não sabem diferenciar o bem do mal. – Com o Premeditatio Malorum, você ajusta as suas expectativas e isso ajuda a manter a ataraxia, a tranquilidade da alma, pois você está…
Quantas dores você enfrentou? Quantas vezes sorriu com amigos? Quantas vezes machucou-se, criando cicatrizes? Quantos abraços apertados recebeu? Quantos amigos perdeu para uma outra vida ou para a morte? Quantas vezes encantou-se com a beleza da natureza? Quantos diagnósticos teve que lidar? E assim segue a vida de cada um com poeira e lama e chuva… e dias de sol e arco-íris! “Uma vida longa inclui todos esses problemas, assim como uma longa jornada inclui poeira e lama e chuva”. – Sêneca, Carta 96, Sobre o enfrentamento de dificuldades. É um paradoxo! Por isso, os estoicos falam que não devemos…
“Tem consciência de que a vida é algo que lhe foi dado de empréstimo e, por isso, sujeita à restituição, sem tristeza, quando lhe for reclamada” – Sêneca, “Da tranquilidade da alma”. Lembre-se de que você é mortal. Não há força, riqueza ou subterfúgios que vençam a morte. Por que pensar na – inevitável- morte? Para que se viva. Não é mórbido. Tem o objetivo de inspirar e fazer pensar em suas prioridades, valores, relações. Não deixe o tempo escorrer de sua vida com futilidades. Ele passará de toda forma, o que pode mudar é o que você agrega nesse…
“Quando uma pessoa diz: ‘Estou vivo!’, toda manhã que acorda, recebe um bônus”. Sêneca fala na Carta 12 a Lucílio, “Sobre a velhice”, que o escopo de nossa vida é constituído por círculos – de maiores para menores. Do nascimento à morte seria o grande círculo de nossa existência, depois o da juventude, da infância, dos anos, dos meses e, então, dos dias. “O menor círculo de todos é o dia; mas mesmo o dia tem seu começo e seu término, seu nascer e seu pôr-do-sol”. Há, então, em um dia, o reflexo de toda a nossa existência. “Portanto, todos…
Pratique o pior cenário “Separe alguns dias durante os quais você se contente com o que há de mais pobre e barato, vista-se de forma simples e rústica, enquanto isso, pergunte-se: ‘é esta a condição que eu temia?’”. – Sêneca Podemos nos prender a situações por medo – medo de perder tudo, medo de mudança, medo de ter que se adaptar a condições mais simples do que a que estamos acostumados. Mas e se você praticasse “o pior cenário” (Premeditatio Malorum), digamos, de forma controlada? Será que você ainda acharia tão insuportável ou você conseguiria se livrar de um tanto…
E se encararmos os obstáculos no caminho como novos estímulos e novos esforços que podem nos levar a diferentes adaptações – na nossa mente e no nosso corpo? Adaptação é sobrevivência. Tudo o que acontece é um teste, um teste sobre qual caminho seguir para saber se você sucumbirá aos seus vícios ou emergirá em consonância com as suas virtudes. Na vida adulta, é sua tarefa, mais do que nunca, passar nesses testes e escolher salvar a sua mente e o seu corpo. Busque a liberdade. E a liberdade é entender as limitações da Natureza, e focar toda a sua…
A minha alucinação é suportar o dia a dia. E meu delírio é a experiência com coisas reais – Belchior
Se tem um tema que me intriga no Estoicismo hoje é a interpretação errada, ou no mínimo confusa, sobre os estoicos serem pessoas sem sentimentos (há também a questão de negligenciar o seu caráter social, mas essa fica para outro texto). Por isso, é reconfortante ler filósofos contemporâneos – como Massimo Pigliucci, Donald Robertson ou William B. Irvine – que refutam essa ideia de forma frequente e embasada. “Quando lemos sobre os estoicos ou lemos suas obras, o que encontramos são indivíduos que podem ser descritos como alegres. Eles eram muito bons em encontrar as fontes de deleite da vida…
“Diga-me por que meios a tristeza e o medo podem ser impedidos de perturbar minha alma, por que meios eu posso afastar esse fardo de desejos escondidos. Faça alguma coisa!” Sêneca Para não desperdiçar o seu tempo, defina o seu propósito e os seus valores – e a partir daí siga sempre ajustando a rota para não se afastar deles. Não fique parado. Faça alguma coisa! Para não se entregar às tristezas ou aos vícios (ou mesmo tornar a tristeza um vício), aceite a sua vida como ela é – e a partir daí trabalhe com o que você consegue…
Trate o que você não tem como inexistente. Observe o que você tem, as coisas que você mais valoriza, e pense o quanto você as desejaria se não as tivesse – Marco Aurélio A citação de Marco Aurélio é um antídoto contra a inveja e um remédio para alcançar a gratidão. E se não fosse uma opção (porque não é) desejar o que você não tem? Não estou falando – e imagino que Marco Aurélio também não – de traçar planos e metas, de querer e comprometer-se pessoalmente com suas melhorias e progressos. O fato é desejar o que está…