“Não há nada de mais relaxante do que ficar entre as paredes de nosso lar” – Sêneca

“Não há nada de mais relaxante do que ficar entre as paredes de nosso lar. Que ninguém me furte um único dia, já que nunca poderia me compensar tão grande perda. Neste local, a alma fica dedicada a si mesma, pode ser cultivada, nada nem nenhum juízo alheio pode afetá-la. Livre dos cuidados particulares e públicos, dedica-se à tranquilidade” – Sêneca, em “Da tranquilidade da alma”.

Para muitos de nós, que temos esse privilégio, fomos forçados a encarar as paredes de nossos lares, com mais calma e atenção. Mesmo em tempos turbulentos, você tem conseguido se dedicar à quietude?

Para Gaston Bachelard, em seu livro “A poética do espaço”, é na casa que aprendemos a “morar em nós mesmos“. “E quando nos lembramos das ‘casas’, dos ‘aposentos’, aprendemos a ‘morar’ em nós mesmos. Vemos logo que as imagens da casa seguem nos dois sentidos: estão em nós assim como nós estamos nelas”.

Essa ideia ressoa com o trecho de Sêneca, que também pontua a casa como o locus de onde podemos nos dedicar a nós mesmos.

Sêneca, assim como a filosofia estoica de forma geral, dedica-se ao bem comum. Porém, destaca sempre que é preciso tornar-se melhor, exigir o melhor de si, para si e para os outros.

“O que se exige do homem é que seja útil ao maior número de semelhantes, se possível. Caso não consiga, sirva a poucos, ou mais próximos, ou a si mesmo. (…) Quem se aprimora já beneficia os outros, já que prepara quem vai poder ajudá-los no futuro” – Sêneca, em “Da vida retirada”.

Assim como Sêneca, que afirmou que “quando acontece algo indigno, tal como, rotineiramente, acontece na vida, ou alguma coisa de difícil resolução; (…) volto-me para meu retiro”, aproveite o seu retiro e cultive a tranquilidade de sua mente.

Para finalizar, um pouco mais de Bachelard:

“A casa, na vida do homem, afasta contingências, multiplica seus conselhos de continuidade. Sem ela, o homem seria um ser disperso. Ela mantém o homem através das tempestades do céu e das tempestades da vida. Ela é corpo e alma. É o primeiro mundo do ser humano”.

Referência:

A poética do espaço“, de Gaston Bachelard

The Poetics of Space: Gaston Bachelard

Da tranquilidade da alma, de Sêneca (Da vida retirada)

Livros de Sêneca

Cinema de Intimidade : proposta de gênero para o novo cinema brasileiro

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *