“A noite traz nossos problemas à luz, ao invés de bani-los” – Sêneca

“A insônia é a vingança de sua mente por todos os pensamentos complicados que ele tratou com tanto cuidado de evitar à luz do dia” – Alain De Botton.

O que deixa você acordado quando a noite vem? Ou você já alcançou o estado do sábio estoico com uma mente que não se abala? Se está entre um e outro, ou tendendo para o primeiro, não deixe de observar o que a noite traz. O que você deixou deliberadamente de pensar durante o dia? Afinal, ser estoico é ser consciente, é ter tranquilidade e autocontrole, não é simplesmente colocar suas questões e problemas para debaixo do tapete. É encarar cada pedrinha que se coloca no caminho, transformando a trilha, criando novos cenários.

Sêneca, de tão prolífico escritor, também abordou o tema da insônia, e do que ela quer nos dizer:

“A noite traz nossos problemas à luz, ao invés de bani-los; simplesmente muda a forma de nossas preocupações. Pois, mesmo quando buscamos dormir, nossos momentos de insônia são tão assustadores como o dia”. 

Descatastrofizar

Mas não seria produtivo vir aqui apenas apontar o dedo para os insones. É proveitoso trazer também práticas do estoicismo para trabalhar essa questão, e quem sabe gerar uma noite de sono mais tranquila. Para controlar problemas ou “pensamentos complicados”, que foram meticulosamente “não pensados” durante o dia, coloque-os para fora de forma objetiva, sem julgamentos ou linguagem emotiva. 

“Os terapeutas cognitivos modernos aconselham seus pacientes a descrever eventos em linguagem mais realista, como os estoicos fizeram no passado. Eles chamam esse recurso de ‘descatastrofizar’, quando auxiliam pacientes a alterar sua percepção de uma situação. (…) Descatastrofizar tem sido descrito como sair do ‘E se?’ para o ‘E daí?’: Então, e se tal coisa acontecer? Não é o fim do mundo; eu posso lidar com isso” – Donald Robertson.

No final de cada dia, para evitar noite insones, volte para o seu diário filosófico: escreva e dê por finalizado os pensamentos daquele dia. Amanhã, será (se estivermos por aqui) uma nova página.

“A verdadeira tranquilidade é o estado alcançado por uma mente não pervertida quando está relaxada” – Sêneca.

Referências:

Carta 56, Sobre silêncio e estudo, Cartas de um estoicos, Volume I

O curso do amor, de Alain de Botton

Pense como um imperador, de Donald Robertson

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *