“O que importa é se elas estão tentando ser melhores hoje do que foram ontem” – Michael, em The Good Place
O que um seriado de comédia tem a ver com filosofia? Quando pensamos em “The Good Place”, tudo! A série consegue – de forma leve, afinal trata-se de uma comédia – trazer o debate sobre moral, sobre ética e – sobre o que quero destacar aqui – a possibilidade de sempre sermos melhores do que já fomos! Essa capacidade do ser humano, com os insumos necessários, permite que, a qualquer momento, possamos seguir um caminho mais ético, mais cuidadoso, mais empático. Enfim, mais humano!
O seriado, que se passa após a morte dos protagonistas, gira em torno de quatro humanos, um demônio que arquiteta uma nova forma de tortura (mas que irá também ganhar mais humanidade a cada episódio) e uma não-garota-não-robô que sabe tudo sobre o universo.
Cenas estoicas
Na cena em questão, Michael tenta convencer a Janet Má sobre a bondade dos seres humanos, mas acaba compreendendo que não é sobre ser apenas bom ou ruim, mas sobre a capacidade e a vontade de melhorar – mais ainda quando se pode contar com amigos e mestres no caminho. A ferramenta apresentada na série para a busca do autodesenvolvimento: o estudo da filosofia!
“Concentre-se em si mesmo, tanto quanto puder. Associe-se com aqueles que irão lhe fazer um homem melhor. Dê boas-vindas àqueles que podem fazer você melhorar. O processo é mútuo; pois os homens aprendem enquanto ensinam” .
Sêneca
Assim, a cada versão criada pelo arquiteto-demônio, os humanos encontram-se, apoiam-se e começam a estudar filosofia.
“Há meses que você e eu estamos debatendo se as pessoas são boas ou más, mas enquanto eu observava aqueles três humanos, se erguerem e recomeçarem, notei que estava fazendo a pergunta errada. O que importa não é se as pessoas são boas ou ruins. O que importa é se elas estão tentando ser melhores hoje do que foram ontem”.
Michael em The Good Place
Sêneca sempre nos alertou sobre a dificuldade de ser um “sábio estoico”, mas que o nosso dever é buscar desconstruir nossos vícios e fortalecer nossas virtudes, tornando-nos um pouquinho melhor a cada dia.
“É por isso que não exijo ser igual aos melhores, apenas melhor que os maus. Basta-me que, a cada dia, eu corte um pouco os meus vícios e castigue os meus erros” .
Sêneca
Ou como disse Epicteto: “Quanto tempo você vai esperar antes de exigir o melhor para si mesmo?”. Não espere uma outra vida. O tempo é agora.
A série de Michael Schur tem quatro temporadas (2016-2020) e está disponível na Netflix Brasil. Inclusive acredito que um dos pontos altos da série foi ter um fim, assim, não há queda na construção dos personagens, muito pelo contrário. Ao escolher o fim de cada um e assim finalizar a série também nos deixa a última lição: tudo um dia termina, memento mori!
Referências:
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