“O tigre que veio para o chá da tarde”, de Judith Kerr | Dica de Livro

Imagine só você na sua casa preparando o chá da tarde com sua filha, com uma mesa bonita, com bolinhos, leite e sanduíches, quando a campainha toca. Não era o leiteiro, nem o entregador, mas um tigre! 

O tigre está com fome, ele come tudo o que estava na mesma, na geladeira e na dispensa; ele bagunça a casa e bebe toda a água. O que fazer nessa situação? Quando o pai chega em casa, a filha conta tudo o que aconteceu. Então, eles decidem sair para jantar, para comprar mais comida e, inclusive, para adquirir comida para tigre, caso o “convidado” apareça novamente. Essa é a história escrita e ilustrada pela britânica Judith Kerr no livro O tigre que veio para o chá da tarde, que talvez seja o livro infantil mais associado a ideias do Estoicismo.

A verdade é que todos nós encontramos diariamente com alguns “tigres” em nosso caminho. O tigre representa tudo o que foge do nosso controle, tudo que parece “bagunçar” nossa vida, mas que não temos o que fazer em relação à sua chegada, apenas podemos controlar como reagimos aos seus efeitos e como podemos nos preparar para futuras visitas. 

Como mães, pais ou responsáveis por crianças, sempre queremos protegê-las, convencê-las de que “tudo vai ficar bem”. Mas essa atitude nem sempre contribui para a formação de pessoas resilientes. Sim, acontecem coisas ruins, não podemos confiar em todo mundo e podemos passar em pleno ano de 2021 por uma epidemia em escala mundial que – no melhor dos cenários – bagunça toda a nossa rotina tão arduamente estabelecida. 

Porém, podemos olhar quais são as nossas opções – mesmo com esse tigre nos rondando – com calma, com tranquilidade.

“Quando há tranquilidade, pode haver aprendizado; soluções criativas são possíveis”.

Clarissa Pinkola Estés

Os ensinamentos da história vão além  desse primeiro de manter a calma e analisar as opções viáveis, quando eles compram a comida de tigre, o que a narrativa nos ensina é que devemos nos preparar para o pior (a volta do tigre, no caso) ou, como nos aconselharam os estoicos: praticar o Premeditatio Malorum, a previsão dos males. Nós podemos suportar mais do que imaginamos, e nossas crianças também.

Que tal imaginar encontros com tigres e praticar juntos a resiliência e a busca por possíveis soluções?

tigre

Referências:

“O tigre que veio para o chá da tarde”, de Judith Kerr

Mulheres que correm com os lobos, de Clarissa Pinkola Estés

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