O que é a Cidadela Interior?

A Cidadela Interior é uma metáfora utilizada pela filosofia estoica para tratar da nossa força interna, sobre a construção de uma fortaleza mental que nos proteja de vícios e de emoções doentias e permita apenas a entrada de virtudes e sentimentos bons. Ou de uma outra perspectiva: um forte que não deixa entrar desejos, aversões e tudo o que está fora do nosso controle. A nossa fortaleza deve estar ocupada do podemos controlar, das nossas vontades e pensamentos bons. Assim, estaremos livres e tranquilos.

Para construir cada tijolo de nossa fortaleza, é preciso mergulhar internamente, sem medo do que iremos encontrar, como investigadores de nós mesmos, varrendo para fora os gatilhos dos vícios e erguendo as paredes de nossa proteção com coragem e resiliência.

“Recorde-se que a faculdade hegemônica fica invencível e serena quando se retira para dentro. Não realiza nada que não tenha escolhido realizar, ainda que por mera obstinação. O que será dela quando julgar racional e deliberadamente, e não de modo obstinado? Um entendimento livre de paixões é uma cidadela. Não há refúgio mais seguro e inexpugnável. Quem não compreende isso é ignorante. Quem compreende porém não se refugia é infeliz” – Marco Aurélio, Meditações VIII.48

O Estoicismo é uma filosofia que pretende fortalecer o nosso caráter, que trabalha nossa força mental para suportar e superar as adversidades. É com a construção e a manutenção de nossa Cidadela Interior que vamos alcançar esse autodomínio. Se a nossa cidade interna é forte e bem protegida, se a tivermos como um ambiente sagrado, estaremos em tranquilidade em qualquer lugar.

“O estoico pode viver com satisfação e alegria em seu coração, mesmo que os homens estejam contra ele e o ambiente físico em que vive seja torturante” – Donald Robertson, Pense como um imperador.

A nossa cidadela, então, é um lugar para o qual podemos nos retirar, sem precisar “mudar de ares” ou viajar para nos sentirmos melhor. Se tivermos uma fortaleza estruturada, nos sentiremos felizes onde quer que estejamos. Se tivermos uma fortaleza destruída, nos sentiremos perturbados onde quer que estejamos.

“Os homens buscam isolar-se em retiros, casas de campo, nas praias e nas montanhas, e você também já desejou muito estar em tais situações. Mas esta é a marca dos homens medianos, pois aquele que filosofa sabe que está em seu poder a decisão de retirar-se para dentro de si mesmo. Pois não há local mais pleno de tranquilidade e liberdade do que a própria alma de um homem, quando retirada do turbilhão mundano, particularmente naquele homem que carrega dentro de si tal sorte de pensamentos que, quando tem a possibilidade de contemplá-los, encontra imediatamente a plena serenidade. E eu afirmo que esta serenidade é nada mais do que a boa disciplina da mente” – Marco Aurélio, Meditações, IV. 3

Essa metáfora é tão presente nos estudos da filosofia estoica que o francês Pierre Hadot nomeou o seu livro sobre Meditações de Marco Aurélio como “A Cidadela Interior”.

Referência:

Meditações, de Marco Aurélio

Meditations, de Marcus Aurelius

Pense como um imperador: Conheça a mente de um dos maiores líderes da história e descubra como um mindset resiliente pode vencer qualquer adversidade, de Donald Robertson

The Inner Citadel: The Meditations of Marcus Aurelius, de Pierre Hadot