Nomeie seus conselheiros
Existe uma frase famosa que diz que “somos a média das cinco pessoas com quem mais convivemos”, atribuída a Jim Rohn. Isso não quer dizer que precisamos morar com professores de matemática para aprender geometria, mas traz a percepção que podemos criar nosso “corpo de consultores” para nos tornarmos pessoas mais virtuosas.
Em uma homenagem a um dos meus antigos mentores em ciência, fiquei pensando como encontramos poucas pessoas assim na vida. Um professor de geografia no ensino médio, o de medicina legal que primeiro falou de filosofia, ou um amigo que mostrou como se faz um bom investimento ou indicou um livro de um assunto inexplorado.
Com a tecnologia, as pessoas que escolhemos não precisam nem nos conhecer, pois podemos absorver de escritores, pensadores e professores online.
Devemos identificar pessoas que podem nos ajudar, em temas específicos ou habilidades que não temos. Um professor de confiança, um dos pais ou irmão ou um mentor nos negócios. Podemos inclusive ter um board of directors para aspectos diferentes da vida: um amigo para falar de música, outro que entende de finanças, ou aquele nerd que sabe explicar sobre o coronavírus ou a Teoria da Evolução de Darwin. E também com quem você discorde politicamente, mas tenha a sabedoria e polidez de apreciar seu ponto de vista.
Segundo Sêneca, em sua carta 109:
“Bons homens são mutuamente úteis; pois cada um pratica as virtudes do outro e, portanto, mantém a sabedoria em seu nível adequado. Cada um precisa de alguém com quem possa fazer comparações e investigações”.
Ao encontrar um mentor, não chegue pedindo ajuda, mas tente identificar como você pode ajudá-lo. Mostre-se útil e torne-se necessário. Seja humilde. Se o mentor for sábio, e os bons são, não terá o ego inflado, mas saberá que a relação pode ser mútua. Assim como em outra carta, a 6a, o mesmo Sêneca afirma que os sábios adoram compartilhar conhecimento:
“Não me agrada, por mais excelente ou benéfico, se eu tiver de reter o conhecimento para mim. E se a sabedoria me foi dada sob a condição expressa de que ela deve ser mantida oculta e não proferida, devo recusá-la. Nenhuma coisa boa é agradável de possuir, sem amigos para compartilhá-la”.
Referências:
Cartas de um estoico, Volume I, de Sêneca