Temos nosso próprio tempo

Nosso Próprio Tempo: renato russo

Segundo Maria Popova o livro de Sêneca Sobre a Brevidade da Vida é um manifesto da nossa luta mais que atual, entre produtividade versus presença, e o quanto estamos confundindo o estar pelo fazer.

Nossa necessidade atual de nos mostrar ocupados, e sempre preocupados e planejando o que vamos fazer em 1 ano, ou nas próximas férias, ou no carnaval. Perdemos muito num ciclo vicioso e escapista na esperança de adiar responsabilidades ou simplesmente esquecê-las.

Tempo é dinheiro, dizem há algumas décadas.

Sêneca, entretanto, escreveu há mais de 2000 anos:

“A vida, se bem empregada, é suficientemente longa e nos foi dada com muita generosidade para a realização de importantes tarefas. Ao contrário, se desperdiçada no luxo e na indiferença, se nenhuma obra é concretizada, por fim, se não se respeita nenhum valor, não realizamos aquilo que deveríamos realizar, sentimos que ela realmente se esvai. Desse modo, não temos uma vida breve, mas fazemos com que seja assim”

Sêneca

Maria Popova tem mais de 5 milhões de leitores, que acessam seu excelente blog ou recebem por e-mail o que ela chama de leituras anotadas de livros clássicos e atuais. Recomendamos a todos desse blog acompanhar seus escritos em The Marginalian.

Ela afirma em uma passagem (tradução livre):

“Mas ainda ‘mais idiota’, para usar sua linguagem inequívoca (de Sêneca), do que nos manter ocupados é ceder ao vício da procrastinação – não do tipo relacionado à produtividade, mas do tipo existencial, aquele anseio limitador por certezas e garantias, que nos leva a planejar obsessivamente e adiar cronicamente a busca por nossas maiores aspirações e viver nossas maiores verdades sob o pretexto de que o futuro irá de alguma forma fornecer um cenário mais favorável”.

Maria Popova

Não temos tempo a perder

Para as gerações que cresceram nos anos 90, rapidamente vem a mente a música simples, mas contundente, Tempo Perdido, do saudoso Renato Russo. Ela fala da angústia da passagem do tempo, mas afirma, que mesmo em dias que parecem sem importância, podemos fazer do amanhã um dia melhor, sempre em frente:

“Todos os dias quando acordo | Não tenho mais o tempo que passou |  Mas tenho muito tempo | Temos todo o tempo do mundo

Todos os dias antes de dormir | Lembro e esqueço como foi o dia | Sempre em frente | Não temos tempo a perder“.

Referências:

Sobre a brevidade da vida, de Sêneca

The Marginalian, de Maria Popova

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