Não se preocupe com o futuro, isso acontecerá em breve e você pode ter a sorte de fazer parte dele – Marco Aurélio
Marco Aurélio, o filósofo e um dos cinco Imperadores Bons de Roma, começa o livro Meditações agradecendo a todas as pessoas que lhe ensinaram algo ou marcaram alguma época da sua vida. Ao seu irmão Severo, por exemplo, ele agradece
“por ajudar os outros e estar disposto a compartilhar, não ser pessimista e nunca duvidar da afeição de seus amigos por você”.
Neste Dia dos Pais, compartilhamos seu agradecimento e descrição sobre seu pai adotivo, Antonino Pio, imperador antes dele, e conhecido pela humildade, bondade e integridade. Com isso, homenageamos todos os pais leitores desse blog. As passagens fazem-nos refletir como sermos melhores pais e filhos, praticando mais a empatia.
“A mansidão e a firmeza serena nas decisões profundamente examinadas. Indiferença com as honras aparentes; o amor ao trabalho e à perseverança; a escutar aos que podiam contribuir de forma útil para a comunidade. Sua obstinada determinação em tratar as pessoas como elas mereciam. A experiência para distinguir quando é necessário se esforçar, e quando recuar.”
Agora, em tempo de mudança de cultura, de medo de epidemias e de calamidades climáticas, de novas relações sociais com tantas possibilidades de distração e perda de foco dos nossos filhos, e em uma época totalmente diferente, mas ainda com tantas similaridades da vivida por Marco Aurélio, nosso papel de pai (e mãe) continua o mesmo: fazer o que for necessário para manter os filhos seguros, amados e para mostrar caminhos e oportunidades.
A missão é formá-los com bom caráter, com espírito de gratidão e perspectiva. Devemos ensiná-los a trabalhar duro, a serem persistentes e autossuficientes. Marco Aurélio fala sobre o pensamento crítico e sobre não deixar pessoas agradáveis demais afetar a integridade dos filhos, além do cuidado com o corpo, e apreço a quem possui alguma habilidade especial:
“Sempre sóbrio, sempre firme e nunca vulgar ou vítima de modismos… O cuidado moderado do próprio corpo, não como quem ama a vida, nem com excessos nem com negligência… E, especialmente, sua complacência, isenta de inveja, aos que possuíam alguma faculdade, por exemplo, a facilidade de expressão, o conhecimento da história, das leis, dos costumes ou de qualquer outra matéria”.
Marco Aurélio resume as virtudes do seu pai com um ensinamento atemporal, que necessitamos cada vez mais hoje em dia:
“Você poderia ter dito a respeito dele (como dizem de Sócrates) que ele sabia aproveitar e se abster de coisas das quais a maioria das pessoas acha difícil se abster e fácil demais aproveitar. Força, perseverança, autocontrole nas duas áreas: são propriedades de um homem que tem uma alma equilibrada – invencível”.
Um bom pai precisa acalmar o ego. Precisa ensinar com exemplos sobre colaboração, aperfeiçoamento pessoal e gentileza. Todas as minúcias do dia a dia de uma família são rotinas que imprimem nas crianças hábitos e virtudes. Devemos fornecer estrutura, incentivando-os a mover seus corpos e tomar ar fresco, criando um espaço seguro para seus sentimentos e se unindo como uma família que se comunica abertamente. Na pandemia, ou qualquer outra crise mundial, escolar ou familiar, os pais devem mostrar tranquilidade e firmeza.
Para finalizar, no livro VII, o imperador fala algo para nos lembrar de aproveitar o nosso tempo com a família:
“Não se preocupe com o futuro, isso acontecerá em breve e você pode ter a sorte de fazer parte dele (como no presente)“.
Referências:
