A virtude é a nossa meta e o nosso propósito – Epicteto

A palavra “virtude” para nós hoje em dia está coberta de significados que não estão necessariamente associados ao conceito grego da palavra “Aretê (ἀρετή)“, da qual é traduzida a primeira. Virtude pode soar um pouco pomposo, ou mesmo nos remeter a ideias de pureza e castidade. A palavra grega arete, porém, teria um sentido mais amplo e seria mais bem traduzida como “excelência de caráter” ou “excelência moral“.

“A excelência moral é certamente um tipo de arete muito importante, mas pode-se ser excelente em todos os tipos de coisas, incluindo habilidades técnicas (um excelente músico) e físicas (um excelente boxeador)” .

Massimo Pigliucci

Quando associamos ao termo virtude a ideia de excelência de caráter passamos a compreender que ter a virtude como propósito e como meta é ter o desenvolvimento do nosso caráter ético como prioridade. 

“Desenvolver caráter significa ser capaz de buscar a excelência naquilo em que se faz bem (ser músico, atleta ou o que for), mas sempre de forma nobre, ‘ética’ (o que exclui, por exemplo, a possibilidade de um excelente assassino em massa)”.

Massimo Pigliucci

Essa é a ideia estoica por trás da recorrente defesa da Virtude como o caminho a ser seguido. Além disso, é preciso entender, como os estoicos, a virtude como um fim em si, não sendo uma característica “qui pro quo” (faço isso para obter aquilo). Ela deve ser, como nos ensinou Epicteto, a prática e a recompensa, e assim ela nos leva à felicidade por agir de tal forma.  Se nossas ações são virtuosas e estamos sempre buscando a excelência, estaremos mais perto da tranquilidade da alma, de uma vida sem inquietações. A vida próspera, assim, é a vida virtuosa. É buscar a moderação dos nossos desejos, paixões e impulsos, e agir com temperança (sophrosune), coragem (andreia), justiça (dikaiosune) e sabedoria prática (phronesis).

“É uma sucessão de sutis reajustes de nosso caráter ao longo da vida inteira. Afinamos progressivamente nossos pensamentos, palavras e atos, como se fossem instrumentos musicais, para um desempenho mais sadio” .

Epicteto

Referência:

Two more crucial words

A arte de viver, de Epicteto, tradução de Sharon Lebell

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