Vida – Amor – Morte | Lição de Elizabeth Gilbert
Elizabeth Gilbert preparou-se para os momentos finais da vida de sua mulher, Rayya Elias. Preparou-se para vê-la frágil, para cuidar dela. De alguma forma, Liz Gilbert fez tudo isso, mas não como imaginava, pois Rayya, como conta a escritora na crônica “The Alpha Wolf” (2018), em The Moth, nunca deixou a sua mente sucumbir.
“Ter vivido o suficiente não depende nem de nossos anos, nem de nossos dias, mas de nossas mentes” – Sêneca, Carta 61, “Sobre encontrar a morte alegremente”.
Rayya não venceu a morte, mas continuou sendo, até fim, a loba-alfa como sempre foi. Assim, a esposa, que queria tanto cuidar, aprendeu sobre a força da mente, mesmo quando o corpo está sucumbindo, sobre humildade e sobre o poder de simplesmente se fazer presente.
“Não existe isso de uma pessoa morrendo. Existem pessoas vivas e pessoas mortas. E enquanto a pessoa estiver viva, enquanto a pessoa possuir senso de si mesma, espere e permita que ela seja quem ela sempre foi” – Elizabeth Gilbert
Memento Mori é um dos conceitos recorrentes na filosofia, na estoica, em especial. A lembrança da morte já foi e continua sendo matéria prima da arte. O que o Memento Mori quer de nós? Quer manter constante o nosso alerta para a vida, para aproveitarmos cada dia, para amarmos mais, para perdoarmos mais, para sermos justos e gentis agora.
“Estou tentando viver todos os dias como se fosse uma vida completa” – Sêneca.
A morte de um amor – e aqui não a metafórica, mas a física – traz o memento mori para todos os poros da sua pele – e sair disso ainda mais grata pela vida é uma bela lição de resiliência da escritora Liz Gilbert. Rayya, como descrita por Gilbert, não teve uma vida regada a temperança, mas traz o ensinamento sobre o poder de mantermos os nossos pensamentos em controle e sermos nós mesmos até o fim.
“No fim, a única coisa que eu podia fazer naquelas últimas horas era nada, nada, a não ser me render à minha impotência e deixá-la ir” – Elizabeth Gilbert
Foto: Jason Falchook