“Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui” – Fernando Pessoa 

Para ser grande, sê inteiro: 

nada 

Teu exagera ou exclui. 

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és 

No mínimo que fazes. 

Assim em cada lago a lua toda 

Brilha, porque alta vive.

– Fernando Pessoa

O poema, datado de 14/2/1933,  é na verdade de Ricardo Reis, um dos heterônimos de Fernando Pessoa. O poema me faz pensar sobre a nossa integridade enquanto seres humanos. Em relação ao Estoicismo, podemos relacionar a integridade ao seguimento de nossos valores e de nossas virtudes. É nosso papel unir discurso e ação, não ser partes que se destoam, mas um só com qualidades a serem aprimoradas e vícios a serem diminuídos. Para isso, não podemos negar as nossas falhas, muito pelo contrário, devemos aceitá-las para que possamos mitigá-las. A conhecida citação de Epicteto que diz “é impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe”, poderia ser parafraseada aqui para “é impossível para um homem melhorar aquilo que ele acha que está correto”. 

“Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa”. 

Não exagere as suas qualidades, não deixe que o ego haja para isso; e também não exclua nenhum de seus vícios e de seus defeitos, ao invés disso, ilumine-os, entenda-os e trabalhe para diluir cada um deles. E em tudo o que fizer, tudo o que for correto fazer, entregue-se com excelência.

Heterônimos de Fernando Pessoa

“Por que heterônimos, e não pseudônimos? Porque, quando usa um pseudônimo, um poeta se esconde atrás de um nome falso. É para esconder o nome verdadeiro que o pseudônimo existe. O heterônimo, ao contrário, não esconde ninguém, é um personagem, criado pelo poeta, que escreve a sua própria obra” – Jane Tutikian.

Cada heterônimo tinha personalidades, características e estilos literários próprios. Ricardo Reis, médico que residiu no Brasil, fez poesia inspirada na cultura clássica greco-latina, com preocupações com o momento presente, com o destino, com a transitoriedade do tempo e com a mortalidade. Para a Jane Tutikian, Reis “alia o estoicismo, com seu enorme poder de aceitação e de resignação diante da vida e seus acontecimentos”

Ricardo Reis nasceu em 19 de setembro de 1887. Aqui a Fortuna ajudou com a coincidência da efeméride, pois já havia preparado o poema de presente para a amiga Carolina Machado.

inteiro

Referências:

Odes de Ricardo Reis

A arte de viver, de Epicteto, tradução de Sharon Lebell

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