Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe sua vã filosofia – Shakespeare
Uma das mais famosas frases de Shakespeare é de Hamlet que, se dirigindo a Horácio, fala:
“Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe sua vã filosofia”.
Longe de mim querer criticar a tradução já estabelecida, mas li que há críticas, já que original não tem a palavra “vã” no texto:
“There are more things in heaven and earth, Horatio, than are dreamt of in your philosophy”.
Horácio representa a racionalidade, enquanto Hamlet, a paixão. Há mais no mundo do que se consegue explicar ou racionalizar. Mas, principalmente, devemos incorporar nossa filosofia nas nossas ações. Todos os dias, temos a chance de tomar decisões com base em uma moldura moral. A filosofia estoica é prática e pode nortear pensamentos e ações, independentes de crenças e religiões.
Marco Aurélio nos lembra:
“Não perca mais tempo falando sobre o que é ser um homem bom. Seja um”
Marco Aurélio, Meditações.
O Estoicismo como filosofia também não pretende responder a todas as questões existenciais, mas, com base nas quatro virtudes (Coragem, Moderação, Sabedoria e Justiça), ser um manual prático para o autoconhecimento e para a vida em sociedade.
Assim, a filosofia não é vã ou inútil, mas o contrário disso.
E já que falamos sobre o céu e a terra, outra estratégia estoica é nos lembrar de nossa relativa falta de importância. Marco Aurélio refletia regularmente em suas Meditações sobre a vastidão do universo e a infinidade do tempo, a fim de colocar sua própria curta vida em um contexto mais amplo e humilde.
“Considere também as vidas uma vez vividas por outros muito antes de você, as vidas que serão vividas depois de você, as vidas vividas agora entre tribos estrangeiras; e quantos nunca ouviram seu nome, quantos logo o esquecerão, quantos te elogiam, mas rapidamente se tornam inimigos. Reflita que nem a memória, nem a fama, nem qualquer outra coisa, tem qualquer importância que valha a pena pensar”
Marco Aurélio, Meditações.
Nenhum texto, nenhuma tradução respeitável de Hamlet fala em “vã filosofia”. Todos dizem apenas “filosofia”. O “vã” apareceu não se sabe de onde. Aliás, filosofia neste contexto seria melhor traduzido como “sabedoria”, que é o sentido mais comum e cabível na época.
Belas palavras para nos fazer pensar em nossa caminhada e a cada dia nos tornarmos melhores.
Há fatos inexplicáveis, mormente os do mundo espiritual.