Dica de livro: Nada pode me ferir, de David Goggins
David Goggins cresceu em uma família problemática com abuso paterno e violência, e conviveu com racismo e bullying na infância e na adolescência. Negro, obeso, morando em um bairro pobre em meio a outras minorias e escolas ruins, nada estava a seu favor.
Agora, já adulto, escreve o livro Nada pode me ferir, sobre escolhas, sobre fortaleza, sobre resiliência e sobre determinação. Ele afirma que teve de criar calos no cérebro, da mesma forma que se criam calos nas mãos de um trabalhador.
Depois de duas tentativas frustradas, e com lesões sérias no joelho, conseguiu terminar o curso de elite dos Fuzileiros Navais americanos (SEALS), e depois fez ainda cursos de elite do exército e aeronáutica (US Army Ranger School, e Air Force Tactical Air Controller). Considerado por muitos o homem mais “duro” do planeta, já foi recordista de barras fixas em 24 horas (nada menos que 4.030 barras), além de completar ultra-maratonas como a famosa Badwater (217km em um dos terrenos mais difíceis do planeta).
Segundo ele, o segredo está em focar no que está na sua frente, sob seu controle. Uma barra por vez, um passo de cada vez. Não se pode controlar todas as variáveis, e o que determina como a história acaba, é o que você faz com as oportunidades que se apresentam, ele escreve no livro. Atitute defendida pelos estoicos dois mil anos antes.
“Quem é seu oponente? É seu professor ou treinador, seu chefe, um cliente indisciplinado? Não importa como eles o estejam tratando, só existe uma maneira de não apenas conquistar o respeito deles, mas virar a mesa. Excelência!”
– David Goggins
David Googins não acredita em motivação, mas em propósito. Ele acredita em transformar adversidade em combustível para foco e sucesso. Goggins não acredita em atalhos. Se um exercício não foi feito, ele deveria ser todo refeito, do começo.
“Continue colocando obstáculos à sua frente, pois é aí que você encontrará o atrito que o ajudará a se fortalecer ainda mais”.
O obstáculo é o caminho
A frase acima retoma a uma das mais famosas das Meditações de Marco Aurélio: “O impedimento à ação avança a ação. O obstáculo no caminho se torna o caminho.”
Epicteto também ensina no seu Manual sobre foco e ação indômita ante as adversidades:
“Quanto tempo você vai esperar antes de exigir o melhor para si mesmo e em nenhum caso ignorar a razão? (…) A partir de agora, resolva viver como um adulto que está progredindo, e siga uma lei que não pode ser esquecida. E sempre que encontrar algo difícil ou agradável, ou honrada ou humilde, lembre-se de que a competição é agora: você está nos Jogos Olímpicos, não pode mais esperar, e qualquer progresso é destruído ou mantido por um único dia e um único evento”.
David Goggins não foi abençoado com genes da fisiologia do esporte e da resistência mental. Com um defeito congênito cardíaco (comunicação interatrial) e inúmeras lesões (completou uma ultramaratona uma vez com 7 ossos do pé quebrados), ele aprendeu a não culpar ninguém e exigir apenas de si mesmo. Pratica e recomenda a arte estoica do journaling, mas de um modo diferente. Ele lista todas as fraquezas e tudo que lhe deixa desconfortável, que está no caminho do que quer se tornar. E tenta fazer uma atitude desagradável por dia, todo dia. Estabelece seu propósito, objetivos curtos e específicos, um plano de longo prazo, e começa a agir. Em busca do desconforto e da excelência.
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