“Não há mal que não ofereça incentivos” – Sêneca
Na carta 69 a Lucílio, “Sobre estar quieto e inquietações”, Sêneca fala sobre o cuidado que se deve ter com seus “anseios antigos”, como os vícios, desejos e até paixões amorosas. Afinal, “as emoções logo retornam ao ataque”, alerta Sêneca. Manter afastados os vícios é tão importante quanto manter as virtudes em desenvolvimento. Os primeiros estão sempre prontos a te convencer de suas recompensas. “Não há mal que não ofereça incentivos”, mais uma vez pontua o filósofo.
Parece que essa “velha vida” está sempre à espreita.
“Dê a seus olhos tempo para desaprender o que eles viram, e seus ouvidos para se acostumar a palavras mais saudáveis”, escreve o estoico ao amigo.
Isso porque ele sabe que é preciso tempo para as virtudes tomarem corpo em nós. É preciso também estar atento e forte na sua caminhada, a todo momento.
A breve carta de Sêneca me fez pensar que as mudanças positivas que empreendemos em nossas vidas não podem ser tidas como certas ou garantidas. Não importa por quanto tempo estudamos filosofia, ou nos alimentamos de forma saudável, ou fazemos exercícios. Há sempre uma possibilidade de cair nas falsas (ou rápidas) recompensas dos vícios.
O que fazer para evitar esses lapsos? Continuar atento. Retornar sempre. Manter os estudos da filosofia em dia. Não sucumbir. Pois, como cantou Raul Seixas:
“Não pense que a cabeça aguenta se você parar”.
Referências: