“Ninguém pode viver uma vida feliz, ou mesmo uma vida suportável, sem o estudo da sabedoria” – Sêneca

Os antigos estoicos não conheciam experimentação em ciência, nem o que hoje chamamos de método científico: avaliar evidências empíricas, baseadas em observações, analisá-las com lógica, gerar hipóteses, testar estas com experimentos observacionais ou intervencionistas (usando controles e maneiras de minimizar os vieses), gerar novos dados, reciclar as hipóteses e gerar novos fatos. Entretanto, eles eram amantes da Sabedoria, sendo esta uma das suas virtudes básicas. Segundo uma das grandes mentes das últimas décadas, Richard Feynman: “Não importa o quão bonita é sua teoria, não importa o quão inteligente você seja. Se a teoria não bate com o experimento, está errada.…

Sobre bons amigos

Os ensinamentos estoicos são práticos, e dedicam-se a tornar nossas vidas mais simples e mais palatáveis, mesmo diante de adversidades. Uma dessas táticas é estar próximo de pessoas que lhe engrandeçam, e de outras a quem você possa transmitir ensinamentos. Talvez por isso, os estoicos antigos e contemporâneos prezem tanto pela defesa do bem comum, e também argumentem que estejamos sempre ao redor de mentores e aprendizes, comumente os tornando grandes amigos. Para ter bons amigos, é preciso cuidado e exercício diário. Precisamos conter qualquer arrogância, mesmo concebendo grandes feitos. Elogie-os, mas não excessivamente. Ria das dificuldades com bom humor…

Dia dos Mil Mortos

“Lembre-se constantemente de que tudo isso aconteceu antes”, disse Marco Aurélio em Meditações. “E vai acontecer novamente”. Vivemos um momento difícil da nossa geração. Enfrentamos uma epidemia junto com recessão econômica, aliada ao desprazer de o mundo ter alguns dos piores líderes de sua história. Em 4 de abril de 2020, mais de 1.000 pessoas padeceram por COVID nos Estados Unidos, e o dia 27 de março registrou quase 1.000 na Itália pela doença. Descrita no excelente livro de Lira Neto, “O Poder e a Peste“, o dia 10/12/1878 ficou marcado na história do Ceará como o Dia dos Mil…

Que tempo bom esse agora

Sabemos, não parece ser o melhor dos tempos. O mundo vive uma pandemia e está todo mundo conectado demais e estressado demais. Mas para muitos de nós (que não precisam ir aos hospitais, departamentos de polícia, coletar lixo ou manter o restaurante aberto) que estamos em casa com nossos filhos, devemos nos perguntar: qual foi a última vez que ficamos tanto tempo com eles? Já falamos aqui, e repetimos: até os 17-8 anos, você vai gastar quase 90% do tempo que você terá com seus filhos em toda sua vida. Então aproveite para observar. Sentar no chão e ouvir. Brincar…

Os seres humanos foram feitos uns para os outros. Ensine-os ou ature-os – Marco Aurélio

Mesmo quando se considera a possibilidade de epidemia em ascensão exponencial, o risco individual é baixíssimo, muito mais baixo que outras mazelas como acidente de carro, outras gripes ou ficar com raiva patológica de presidente sem neurônios. Mas ficar descrente e não se preocupar com a gravidade da situação (uma preocupação racional e medida) é contribuir para a possível disseminação do vírus e aumentar o risco sistêmico. O escritor Wyatt Brown nos diz: “os estoicos reconheceram a irmandade do homem. A maior virtude é ajudar os outros por si e pela paz de espírito… Justiça, bondade de coração, dever, coragem…

Você vai morrer

“Você pode deixar a vida agora. Deixe isso determinar o que você faz, diz e pensa” . Marco Aurélio, Meditações 2.11 Em tempos de pandemia, essa frase é mais atual do que nunca. Traz um senso de urgência. Não de sair por ai gastando tudo que tem, mas de usar o seu tempo (maior bem) da melhor forma possível. Não sabemos se morreremos de acidente, ou esperando uma UTI, mas sabemos que esse dia virá. Vivemos a melhor época que nossa espécie já viveu. Nossas crianças quase nunca morrem, nossos pais e avós vivem até depois dos 90. Temos supercomputadores…

“A vida é muito curta para sentar e ficar remoendo mágoa” – Kobe Bryant

– Qual a sua relação com a morte?– “Confortável”, respondeu Kobe Bryant. Com a morte de um ídolo, sempre nos deparamos com o tema da brevidade da vida, principalmente quando é alguém jovem e a morte, inesperada. Após afirmar estar confortável com a morte, Kobe ainda disse: “Você não pode ter vida sem morte. Não pode ter luz sem a escuridão. Então é uma aceitação disso tudo. Quando chegou a hora de decidir se eu deveria ou não me aposentar, [foi] realmente uma aceitação dessa mortalidade que todos os atletas enfrentam. E se você combatê-la, sempre terá essa luta interior…

Jejum como prática

Não precisamos olhar para Esparta para imaginar que o desejo por comida era um tema comum nas reflexões estoicas antigas. Atualmente, com a oferta exagerada de alimentos prazerosos e cheios de açúcar e outros males (óleos de sementes vegetais, carboidratos ultrarrefinados etc.), cabe ainda mais a discussão e exercício de encarar a condição natural de sentir fome. Deixar de comer por algumas horas por dia era condição comum há poucas décadas. Jejuns intermitentes e prolongados tem voltado a discussão, e a ciência parece comprovar que eles trazem benefícios quantificáveis (diminuição da resistência à insulina, diminuição da inflamação sistêmica, melhora do…

“Você pergunta qual é a base de uma mente sã? É não buscar alegria em coisas inúteis. Eu disse que era a base; é realmente o ápice” Sêneca Alegria em coisas úteis Direcione seu sentimento de satisfação para os valores e virtudes de sua vida. Faça o bem – para você e para os outros. Referência: Cartas de um estoico, Volume I, de Sêneca Sêneca, Carta 23, On the True Joy Which Comes from Philosophy, tradução nossa.