Como viver uma vida plena e satisfeita? Como examinar as nossas ações com empatia? Como e por que manter um diário filosófico? A jornalista Lina Távora traz neste livro uma introdução rápida ao Estoicismo, com foco na parte prática, acompanhada de um manual de como escrever um diário filosófico. E o que é um diário filosófico? É, para além de escritas banais sobre o seu dia a dia, uma produção consciente sobre si com o objetivo de manter os seus valores e as suas virtudes em atenção e em progresso. O exercício da escrita pessoal possibilita que você fique mais…
Vamos pensar um pouco sobre o tempo de cada coisa. “Há o tempo certo em tudo. O tempo na estratégia não pode ser dominado sem muita prática“. Miyamoto Musashi É preciso entender o tempo de cada questão, o seu tempo, e entender que para cada habilidade há que se dedicar intensamente, com horas de prática. Assim também deve ser o pensamento e o desenvolvimento da filosofia. Moldar o pensamento precisa de estímulo, observação e um estado de alerta. É preciso entender ainda os ciclos da vida, da história, e distinguir os movimentos de ascensão e declínio. “Nas aptidões e habilidades…
Muitos dos ensinamentos de Sêneca que chegaram até nós são por meio das cartas a Lucílio (Epistulae Morales ad Lucilium). As 124 cartas – que temos acesso hoje – foram escritas por Sêneca em seus anos de aposentadoria e trazem lições estoicas, na grande maioria das vezes, de forma acessível e compreensível. As “Cartas de um estoico” foram escritas aproximadamente de 63 a 65 dC. As cartas tinham o objetivo de aconselhar o seu amigo Lucílio a se tornar uma pessoa e um estoico melhor. Presumidamente, Lucílio era procurador da Sicília, era assim um funcionário da Roma Antiga. Para Luís…
O Estoicismo foi fundado em Atenas por Zenão de Cítio, mas a escola foi incorporada, vivida e disseminada principalmente por pessoas diferentes e relevantes como Epicteto, Cato, Sêneca e Marco Aurélio. Embora Zenão tenha escrito muitos livros, nenhum deles sobreviveu até hoje. No entanto, existem muitas referências a suas ideias e pontos de vista e algumas citações espalhadas por fontes antigas. Esses homens são padrões ou intérpretes das virtudes. Os primeiros nomes representam respectivamente coragem, justiça e autocontrole. Sócrates é o sábio ideal, Zenão, Crisipo e Posidônio são, por sua vez, o fundador, o organizador e o modernizador do Estoicismo…
Por volta de 165 da Era Comum, o mundo foi atingido por uma praga que ficou conhecida como a Peste Antonina (ou a Praga de Galeno, em referência ao médico grego do Império Romano e descreveu aspectos da doença). A mortalidade era por volta de 7-10%, o curso clínico curto de poucos dias e a apresentação com febre, dor de cabeça e fraqueza (além de rash cutâneo). A cidade de Roma chegou a reportar 2.000 mortes por dia e houve regiões onde morreu ¼ da população. A epidemia durou 15 anos e dizimou quase 60 milhões de pessoas. Foi o…
É difícil falar das virtudes que compõem a prática moderna: 1) Sabedoria (sophia), 2) Justiça (dikaiosyne), 3) Coragem (andreia) e 4) Moderação (sophrosyne), somente com definições, mas certamente podemos dar exemplos nos quais cada uma é exercida. 1) Sabedoria Viktor Frankl seguia, ou tentava seguir, diariamente (no Campo de Concentração nazista) a sabedoria de tentar discernir entre reação e resposta: “Entre estímulo e resposta, há um espaço. Nesse espaço está nosso poder de escolher nossa resposta”, ele escreveu anos depois. Segundo Ryan Holiday, os dois preceitos estoicos que devemos ensinar primeiro aos nossos filhos são a dicotomia do controle e…
Um dos princípios fundamentais do Estoicismo é o Cosmopolitismo, que é o entendimento de que a humanidade é uma grande cidade, habitada por seres humanos que compartilham a capacidade de serem racionais e virtuosos. Ser cosmopolita (κοσμοπολίτης) significa ser cidadão do mundo ou cosmos. Logo, traz a ideia de que devemos tratar todos com justiça, equidade e respeito. Uma filosofia Cosmopolita entende as pessoas como cidadãos do mundo, irmãos vivendo da mesma comunidade humana. Devemos nos sentir em casa no mundo. “Se são verdadeiros os ditos dos filósofos sobre o parentesco dos Deuses e dos humanos, que resta aos humanos…
Para Sêneca, a euthymia (do grego eu: normal, boa | timo: humor, alma, emoção) é a tranquilidade da alma, e esse estado seria alcançado com a permanência inabalável da mente. “É necessário que tenhas confiança em ti mesmo e creias que vais pelo caminho reto, sem se deixar chamar para veredas transversais como de muitos que vão de um lado para outro, enquanto alguns se extraviam bem próximos do caminho. O que tu queres, pois, é grande, de máxima importância e próximo de um deus: não ser abalado. Os gregos chamam este estado estável da alma de euthymia” – Sêneca…
Para o Estoicismo, as paixões (páthos) eram sentimentos, desejos e emoções doentios, não-saudáveis ou insalubres; como medo, raiva, ciúmes… E devemos nos livrar desses sentimentos que nos fazem mal. Ser dominado por paixões, é abrir mão da razão. As paixões nos fazem julgar as situações de forma incorreta. Quando odiamos, seja uma situação ou nós mesmos, não conseguimos avançar, afinal a raiva é um desses sentimentos doentios que nos cega. A raiva é considerada pelos estoicos uma das paixões mais terríveis e violentas. A ira – que é a raiva em sua pior forma – é entendida como um estado…
A Cidadela Interior é uma metáfora utilizada pela filosofia estoica para tratar da nossa força interna, sobre a construção de uma fortaleza mental que nos proteja de vícios e de emoções doentias e que permita apenas a entrada de virtudes e sentimentos bons. Ou de uma outra perspectiva: um forte que não deixa entrar desejos, aversões e tudo o que está fora do nosso controle. A nossa fortaleza deve estar ocupada do podemos controlar, das nossas vontades e pensamentos bons. Assim, estaremos livres e tranquilos. Para construir cada tijolo de nossa fortaleza, é preciso mergulhar internamente, sem medo do que…