A escritora, jornalista e acadêmica norte-americana, Elif Batuman, descobriu Epicteto em um momento conturbado de sua vida, com muito trabalho, pós-graduação, vivendo em um novo país. “Na época, eu dava aulas para alunos de graduação e sentia que Epicteto estava trabalhando no mesmo quebra-cabeça eterno que eu, de como conseguir que os jovens fizessem o que é difícil, de fazê-los pensar que as coisas valem a pena, de levantar seus ânimos, e senti como se tivesse encontrado esse grande amigo e aliado”. Falando sobre seu contato com os estoicos, ela cita Crisipo, mas afirma não se conectar com a visão…
“Acredito que nos sentimos mais seguros quando dentro de nós mesmos encontramos nossa casa, um lugar ao qual pertencemos e talvez o único que realmente criamos” – Maya Angelou Encontrar a casa em nós mesmos, da frase de Maya Angelou, no início do livro “Carta a minha filha“, me fez pensar sobre a ideia da palavra grega “euthymia“, a tranquilidade da alma. Para alcançar esse estado inabalável da mente, Sêneca nos aconselha a ter confiança em nós mesmos e seguir pelo “caminho reto”. Seguir um caminho reto é um tema recorrente para o estoico. Entendo esse “caminho reto” como algo…
Acaso, chance, sorte ou destino. Essas palavras, como queiram chamar, nos dão e nos tiram, nos oferecem favores, que assim como chegam, vão embora, nos “pregando peças”. O que temos, recebemos de empréstimo, ou seja, pode ser restituído a qualquer momento (e isso não vale apenas para coisas, cargos, trabalhos, mas para pessoas e relações). “O bem que pode ser dado, pode ser retirado” – frase dita por Sêneca, porém atribuída por ele mesmo a Lucílio, na Carta 8, “Sobre o isolamento do filósofo”. Os estoicos nos dizem que não devemos colocar a nossa felicidade ou ideias de sucesso e…
Talvez por falarem tanto sobre a inevitabilidade da morte, os estoicos, à primeira vista ou leitura, possam parecer desengajados com a vida. O que não é verdade. Memento Mori é, na verdade, uma forma de fazermo-nos gratos pela dádiva que é cada dia de vida, desde que vivamos de acordo com a natureza, regidos pela razão e pela coragem, sabedoria prática, justiça e temperança. “A vida é uma dádiva. Devemos celebrá-la”- Rosie Rosie, no filme “Jojo Rabbit“, mesmo estando no meio da Segunda Guerra, fala com o filho sobre amor, romance, dança e sobre o presente que é estar vivo.…
Se encontrar é ação prioritária e intransferível. Ser mestre de si mesmo: tarefa das mais difíceis, por mais que óbvia. Saber o que queremos, e desempenhar o compromisso conosco de assumir essas escolhas. E, assim, o momento presente parece ser exatamente o que deve ser, sem desejar o que não se tem, sem almejar ser o que não se é. É a aplicação do Amor Fati à compreensão de nós mesmos. É interessante pensar que Sêneca traz esse ensinamento na carta “Sobre progresso” (32), reforçando a ideia de que devemos concentrar nosso esforço no progresso, no aperfeiçoamento contínuo, no processo,…
Betty Draper/Francis (January Jones) é a reconhecidamente linda mulher do seriado Mad Men que foi criada para relacionar o seu visual à conquista de sua vida, e essa era basicamente ser uma bela dona de casa. Betty é esposa (e depois ex-esposa) do personagem principal Don Draper (Jon Hamm) e mãe de seus três filhos. Mad Men é um seriado sobre os anos 1960-70, e os homens – e algumas mulheres – da publicidade da época. Betty em suas funções de mãe, dona de casa e esposa, está sempre em busca de preencher um vazio que não se permite sentir.…
Dos personagens mais fascinantes da História do Brasil, talvez um dos mais corajosos tenham sido Candido Mariano da Silva Rondon, o Marechal, retratado com primor na biografia recente Rondon, uma Biografia. Militar, cientista, estrategista, sertanista, pacificador, o Marechal Rondon percorreu milhares de quilômetros no Centro-Oeste e Norte do Brasil na virada do século 19-20. Começou como soldado, ingressou na Academia Militar, foi colega de turma de Euclides da Cunha e aluno do Benjamin Constant, amigo de presidentes e bacharel em Ciências Físicas e Naturais. Ele foi indicado ao prêmio Nobel da Paz pelo Explorer’s Club, de Nova Iorque, em 1957.…
O garoto Hiro é um gênio, um prodígio na criação de robôs, mas tem se envolvido mais com vícios (lutas de robôs por dinheiro) do que com virtudes. Tadashi, seu irmão mais velho, o apresenta ao seu laboratório, aos seus amigos e à possibilidade de dar outro rumo aos seus talentos. Tadashi é o “Cato” de seu irmão mais novo, é o seu exemplo moral, é a sua régua para avaliar as suas virtudes. Tadashi trabalha com propósito: ajudar ao próximo, com o desenvolvimento de seu “robô cuidador”, e também de forma mais específica ajudar o seu irmão a tornar-se…
Amor & Estoicismo Por mais que no senso comum a palavra “estoico” possa passar a ideia de uma pessoa sem emoções, sentimentos ou impulsos, não é o que a filosofia estoica acredita ou dissemina. “De fato, eles distinguiram entre três tipos de emoção: boa, ruim e indiferente” – Donald Robertson. Os estoicos, então, pregavam na verdade que evitássemos apenas as emoções ruins. O amor assim não deveria ser evitado, muito pelo contrário, os estoicos amam a sabedoria, disseminam o amor ao próximo e defendem a gentileza. Vamos encaramos o amor, então, com uma visão filosófica: na qual não nos perdemos…
Para os estoicos, os sábios almejam ser autossuficientes. Mesmo assim, todos nós, sábios ou não, somos propensos a fazer amigos e amigas. O sábio “deseja amigos, vizinhos e associados, não importa o quanto ele seja suficiente em si mesmo”. – Sêneca Assim, a amizade vem para os estoicos não como uma necessidade, mas como uma vontade. Vontade de servir, de ajudar, de compartilhar momentos e conhecimentos, de evoluir juntos. Nessa caminhada escolhemos amigos para nos acompanhar. Amigos são oportunidades de exercermos o bem comum, de praticarmos o nosso senso de sociedade em um âmbito mais íntimo. Voltamos ao conceito de…