“O mal é um subproduto da negligência, da preguiça, da distração: surge quando perdemos de vista nossa meta na vida” – Epicteto

Para Epicteto, o mal não é um elemento natural no mundo, e para evitá-lo, é preciso lembrar que a nossa meta nesta vida é a virtude, é o bem, é o desenvolvimento de nossa mente, é o autodomínio. É a auto vigilância que mantém o mal afastado de nós. E é só assim que podemos pensar em uma vida feliz ou em uma vida eudaimônica.  Para Marco Aurélio, as pessoas tornam-se arrogantes, ingratas, insolentes e mentirosas porque não sabem a diferença entre o bem e o mal (Meditações, 2.1). São ignorantes sobre si mesmas. São desatentos sobre quem são e…

“A gentileza é invencível, desde que seja sincera – não irônica ou uma atuação” – Marco Aurélio

Os tempos nos pedem bondade e empatia. Os tempos nos pedem uma gentileza sincera. Uma gentileza que seja invencível! Estamos aperreados, cansados, com medo ou com uma dor que nos é próxima ou distante, mas que é, como os estoicos diriam, de nossos irmãos.  Não imaginávamos em nosso tempo de vida passar por uma epidemia dessa escala. Não imaginávamos encarar uma batalha que tem impactos altíssimos: a da desinformação – por ignorância ou por malícia – em pleno século XXI. Porém, devemos continuar nos armando de bondade, de sentimentos para o bem comum, cumprindo o que nos cabe hoje; seja…

Estupidez é esperar figos no inverno – Marco Aurélio

“Estupidez é esperar figos no inverno ou crianças na velhice“, escreve Marco Aurélio, no livro 11, de suas Meditações. A metáfora nos remete a impossibilidade de que as coisas aconteçam fora do seu tempo, desrespeitando a Natureza, as questões de causa de efeitos, ou mesmo a duração que leva para que as coisas amadureçam. É preciso tempo para que os frutos maturem. Também é preciso tempo para que a criança se torne jovem, depois adulto e depois velha. As coisas boas, as coisas grandes, precisam de tempo! A metáfora de “figos no inverno” já havia sido utilizada por Epicteto em…

“Pense antes na peste e na morte de tantos outros” – Marco Aurélio

Em 17 de março de 180, morria o imperador Marco Aurélio, aos 58 anos, após 19 anos de governo. Ele deixava a sua vida sucumbindo à Peste Antonina, epidemia que devastava o império há 14 anos – e da qual ele defendia todo o seu povo como podia. Não era a primeira vez que Marco deparava-se com a morte, era o seu encontro final – e ele estava preparado. Marco já havia perdido sua esposa Faustina e oito de seus 13 filhos. Os ensinamentos estoicos já estavam fortes dentro dele, e Marco encara de frente a morte com calma. Bem…

A vida não examinada não vale a pena ser vivida – Sócrates

Uma das mais importantes características da Filosofia Estoica é a necessidade de a colocar em prática. Não adianta saber narrar citações de seus autores, saber da sua história, se você não associar o Estoicismo no seu dia a dia. “Não explique sua filosofia. A incorpore” . Epicteto A Filosofia pode ser a sua guia, a sua escola da vida, mas ela não vai alterar em nada a sua existência se houver essa separação entre teoria e prática. Ela precisa de estímulo, se não fica inerte e não serve para nada. “Prove suas palavras em seus atos”. Sêneca E como aprender…

Dica de livro: Pense como um imperador

“Pense como um imperador” pode ser resumidamente descrito como uma biografia de Marco Aurélio. Mas vai muito além. Donald Robertson, que é psicoterapeuta cognitivo-comportamental (TCC) e que já publicou seis livros sobre filosofia e psicologia, escreve de uma forma simples e envolvente sobre a história da filosofia Estoica, sobre seus princípios, sobre as possibilidades práticas para os dias contemporâneos e ainda faz relações com ferramentas da TCC. Ao trazer à tona os eventos que transformaram Marco Aurélio no imperador-Estoico que ele foi, Robertson nos mostra como podemos aplicar esses exercícios e ideias na nossa vida hoje em dia. Não tenha…

“A vida e o trabalho de um escritor não são um presente para o gênero humano, mas uma necessidade imprescindível” – Toni Morrison

É interessante pensar que as principais obras que temos acesso hoje dos estoicos clássicos – Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio – não foram, a princípio, escritas para leitores “externos”.  Sêneca A grande parte da obra desse filósofo são escritos epistolares, como suas 124 cartas escritas a seu amigo Lucílio. Hoje, não se sabe ao certo se essa pessoa existiu de fato ou era um recurso linguístico do filósofo para descrever e organizar a filosofia. Escrever cartas torna acessível a construção de um tema, busca-se a interação, a real troca de informações. Assim, mesmo que algumas cartas de Sêneca sejam mais…

APATHEIA

Não é possível evitar os obstáculos no caminho. É parte da vida humana em sociedade a dor, as perdas, enfim, os contratempos. Mas, mesmo assim, é possível viver uma vida feliz, uma vida tranquila, uma vida com “eudaimonia” (aquela que floresce). Para se alcançar essa quietude mesmo com as adversidades características da vida, os estoicos nos ensinam que é preciso praticar a “apatheia”.   Hoje em dia, no senso comum, podemos entender a “apatia” como uma característica ruim de passividade, de ausência total de paixões – o que não é exatamente a ideia difundida pelos estoicos.  Mais uma vez ressaltamos que…

Querida Prudência

Diz-se que a música “Dear Prudence“, dos Beatles, foi feita para Prudence Farrow (irmã de Mia Farrow) que, em um curso de meditação com os músicos da banda, acabou entrando em um estado tão focado que nem saia mais do seu quarto. Como a arte abre-se a interpretações, sempre penso na música como um convite nosso à prudência. Um convite para que possamos utilizar a sabedoria prática para enxergar o que é belo no mundo! Um chamado para olhar o céu ensolarado, para brincar um pouco, para ouvir os pássaros e para lembrarmos que somos todos um! Não tenho dúvidas…

Quem é você?

Quando Alice encontra a Lagarta, a segunda não demora a perguntar: “quem é você?”. Alice, que já tinha mudado de tamanho algumas vezes e estava confusa com tudo de inacreditável que acontecia no País das Maravilhas, responde: “Eu… Eu neste momento não sei muito bem, minha senhora… Pelo menos, quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que depois mudei várias vezes…”. A Lagarta, porém, continua instigando Alice para dizer quem ela é. A Lagarta diz não compreender as questões pelas quais passa a protagonista da história. Alice, contudo, não desiste e prossegue em tentar convencer…